Sudestino de SP, RJ e ES. Agrofloresteiro, permacultor, designer gráfico, pretenso artista e músico. Há três anos criou o projeto Caaeté, que produz alimentos e realiza atividades com agrofloresta, permacultura, arte e educação, com base num sítio na Serra da Mantiqueira. Antes disso, morou no Rio de Janeiro, onde se formou pela EBA-UFRJ e trabalhou como designer, livreiro e pintor enquanto se envolvia com agroecologia e desenvolvia projetos paralelos de arte e música. Agora está terminando de construir uma casa e aumentando a plantação.
Integra a TERRA(coletiva) y o conselho curador do Museu das Putas, juntamente à Associação de Prostitutas de Minas Gerais - APROSMIG ~ as experiências de construção coletiva de levantes anticoloniais e anticapitalistas, das quais tem participado, são seu percurso formativo mais relevante - tanto em política, quanto em arte - na investigação de linguagem/língua a ser inventada como um espaço-dispositivo que faz brotar condições de remover os entulhos relacionais vividos como se fossem as próprias relações ~ como, ao entrar em contato, desprogramar o medo y os muros da colonização terrorista?
Trabalha com relações de ordem em desordem, em especial no contexto da formação da identidade da América do Sul. A partir deste centro, os trabalhos se desdobram em técnicas diferentes como pintura, desenho, vídeo e instalação, na maior parte das vezes em uma relação com a imagem.
Principais exposições: individuais Fogo na Babilônia (Espaço Pivô, 2015) e Próprio Impróprio (Galeria Leme, 2016); as coletivas Bienal de Foto e Vídeo de Brandt (Dinamarca, 2016), Si no todas las armas, los cañones – Matadero Madrid, Até Aqui Tudo Bem (White Cube São Paulo), V Bolsa Pampulha no Museu de Arte da Pampulha (2014), A parte que não te pertence, Galeria Maisterra Valbuena (Madrid).
Residências: KIOSKO, Bolívia (2015); El Ranchito – Matadero, Madri (2014), Ateliê Aberto #6, Casa Tomada (2012) e Red Bull House of Art, SP (2011). Prêmio IBEU 2013. Atualmente estuda antropologia na USP; bolsista dos programas PIMASP (MASP), Centro de Investigaciones Artísticas em Buenos Aires e da 5ª edição da Bolsa Pampulha.
Piracicaba-SP, 1984. Vive e trabalha em São Paulo – SP.
É artista, pesquisador, educador, curador, gestor cultural, etc. Realiza práticas híbridas em contextos diversos a partir do interesse por sistemas, dispositivos, relações sociais e interpessoais. Doutorando em poéticas visuais, mestre em educação, graduado em artes plásticas pela Universidade Estadual de Campinas, Unicamp. Participou da 3a edição do PIESP – Programa independente da Escola São Paulo. Sua produção apresenta reflexões a partir de questões do espaço, da memória, do lugar, dos discursos da linguagem e de instituições. Para conhecer suas produções acesse www.gustavotorrezan.com
São Paulo, SP. Artista Visual e documentarista, é graduada em Comunicação e Artes do Corpo, com habilitação em Performance, pela PUC - SP (2007). Seu trabalho aborda questões referentes à tradução de linguagens imagéticas, buscando trazer fisicalidade para os processos de edição por meio de fotografias, vídeos, instalações e desenho. Participou de algumas exposições coletivas, entre elas: Conversão (Sé Galeria), Visite Decorado, SLIDES (MIS-SP, 2016); Super Colina (Galeria Logo, 2014). Participou das residências São João, no Rio de Janeiro; Lastro "Travessias Ocultas" na Bolívia, e Intervalo-Escola, no Amazonas. Em 2014 criou a editora "Vibrant" junto com sua irmã Martina, onde atuam na produção de livros de artista, publicações independentes e fotolivros. Participam das principais feiras nacionais do circuito de arte impressa.
Artista e pesquisador, há 18 anos deixa que o lugar determine aquilo que irá construir e, mais recentemente, o que irá comer. Mestre e doutor em Poéticas Visuais em Artes pela USP. Em 2015 concluiu uma pesquisa de pós-doutorado na UDESC, onde se dedicou a investigar relações possíveis entre agroecologia e as práticas site-specific em arte. Atualmente, é professor adjunto na UERJ, onde desenvolve a pesquisa de extensão Consciência Contextual: entre o artístico e o ambiental.
Pronuncia as palavras com sotaque mesmo quando fala a própria língua. Vive tropeçando nas próprias promessas. Não tem casa, não tem telefone celular e não faz a menor idéia de onde vai estar daqui a dois meses. Para cada hora fazendo alguma coisa, precisa de cerca de três horas fazendo nada. Oscila entre momentos de otimismo insensato e momentos de confusão de quase quebrar o pescoço. Não escuta muito bem, é míope, tem duas próteses dentárias, oito tatuagens e sete pinos no tornozelo esquerdo.
1990, Porto Alegre. É curador e escritor independente. É assistente de direção na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, com Lisette Lagnado e cofundador do Solar dos Abacaxis. Foi curador de "Aqui mis crímenes no serían de amor" (Cali, Colômbia) e "Morro" (Rio de Janeiro). Editou, com Luiza Proença, as publicações da 9ª Bienal do Mercosul. Vive no Rio de Janeiro.
1977, vive em São Paulo, Brasil.
Educadora, escritora e curadora. Mestre em Educação e graduada em Letras pela Universidade de São Paulo, pesquisa temas das áreas de mediação das artes, arte contemporânea, público de arte, recepção estética e aprendizagem em instituições culturais. Atualmente, desenvolve a pesquisa de doutorado "Como fazer junto: processos colaborativos de criação em arte e educação" na UNESP, com orientação da professora Rejane Coutinho, na área de arte e educação. Em 2006, fundou a |quadrado| que atua em parceria com instituições culturais e pedagógicas no desenvolvimento, implantação e avaliação de programas públicos de educação e formação, acessibilidade, publicações, exposições, projetos pedagógicos e artísticos interessados em linguagens e manifestações contemporâneas das artes, da literatura e do álbum ilustrado.
Elaboração do programa: Cláudio Bueno e Tainá Azeredo
Produção: Flora Leite
Coordenação de campo: Thiago Cavalli
Artista convidado: Jorge Menna Barreto
Cozinha Igapó: Dina e Dora
Barqueiros: Arlison, Ailton e Marcelo
Apoio institucional: Casa do Rio, ARPA e SEMA
Agradecemos:
Dionéia Ferreira, Família Bueno, Família Azeredo, Tupigás, Prado, Branca, Rita, Dona Mocinha, Nildo, Antonio Boto, os professores: Angel, Rosi, Nêga, à toda comunidade do Tupana e do Igapó-Açu que nos acolheram em suas casas e colaboraram com o projeto e finalmente a todos os inscritos e participantes dessa edição.
"A onça vai te vê lá, só que tu não vê ela"
A nau aporta carregada de anti-heróis a serem desbravados pela floresta. O Banzeiro vira o barco e permite ao navegante submergir no vermelho de um rio sem fundo. Rosa de boto que flutua sob a canoa e conduz a oferenda para iemanjá, desde a terra do deus evangélico até onde habitam os muras pagãos.
Deus é grande, mas a floresta é maior!
Asas de todos os tipos nas janelas-telas. Baratas e aranhas transpassam o píer. Asas negras. Formigas trabalham ininterruptamente. A mata grita. O mosquiteiro é catedral. Abrigo. Lagartixas mandam lembranças. Felinos e lobos do mato encostam em meu sonho. Meus bichos estranhos descansam numa paz que desconheço. Lagartinhos. Morcegos. Kabas. Grilos. Mosquitos. Gambas. Sinais. Botos e macacos. Teias de aranha. Formigas pretas dóceis. Animais domesticados. A casa de madeira tem tartaruga, gato, pele de jaguatirica na parede e veneno junto do óleo de soja, na prateleira dos temperos da cozinha. A casa tomada por insetos. A aranha no pote.
A floresta grita alto em mim.
O que vieram fazer aqui?
O que vieram desfazer aqui?
É imperativo florestar-se; esvaziar-se; desdomesticar-se.
Pedir o remédio em sonho.
Sucuuba Castanheira Canapanaúba Cipó Tuíra Mangarataia Fel de Paca Canjuru Copaiba Buriti Capitiú Vindicá Alfavaca Quebra Pedra Vassoura de botão Algodão roxo Taperebá Cajuaçu Amapá Malvarisco Tabacurana Jambu Babosa Acorama Puxuri Picão
(só acha na mata fechada)
Toda árvore é um edifício e uma colméia e um auto-falante e um sistema solar.
Toda árvore tem um milhão de lábios com um milhão de dentes cantando um milhão de músicas com refrões que não se repetem nunca.
Eu não volto para a cidade.
"Não foram vocês que escolheram a Amazônia, foi a Amazônia que escolheu vocês",
a Dioneia disse.
Desde então, ouço esse chamado, usando a minha nuca
como um auto-falante estourado.
Que as várias línguas que soam em ritmos múltiplos, que as cores ilimitadas que se mesclam a verdes intermináveis, que as raízes que se comunicam embaixo deste chão denso de diversidade microscópica, nos conduzam para dentro deste mundo que deixamos para fora.
O que temos nós e a castanheira de indelével?
sangue-seiva, pele-casca, osso-tronco, carne-fruto a mesma vida nada fora.
Te sobrevôo: floresta que agora também é carne. Vejo a estrada reta aberta, enfiada em ti: é espinho, espinha. Quatro sentímetros, agora sei, de uma floresta que não tem tamanho. Te encontro agora e esse beijo não é ótico. És sensação. És dor. Grito-êxstase. Esfola. Se esconde. Penetração consumada. Perco minha habilidade de locomoção.
Pensei que era o mundo caindo, mas eram as dinamites na BR.
Eu não volto para a cidade.
Aqui se eu tenho dinheiro, eu como... se não, como também. Vegetal maior que capital.
Os olhos de Santa Luzia brilham no prato. Chove. Iansã.
Pupunha. Azeite sal casca e castanha. Lentilha. Arroz. Farinha no pirão. Salada. Guardar para quem não estava. Huevos a mexicana com banana. Manteiga de mari. Mandioca com la comandanta. Mingau de aveia com pumaru, manga e pão de grãos. Arroz, maxixe e farofa. Cenoura. Fava venenosa. O feijão, a paca e o café.
Para curar tem que ter Fé.
Sair da casa como quem nasce, na certeza de retornar.
Abarcar a mata toda de uma vez.
Se você quiser passar do seu limite. A floresta mesmo te dá o limite.
Viajo porque preciso, volto porque te amo. Volto com ganas de te chamar de quelônio. Volto para assumir que, apesar de extremamente macia, a pele do boto cor de rosa, ao nadar entre nossas pernas, à esquerda da balsa, não se compara ao prazer de confundir tuas pernas cabeludas com o travesseiro pequeno que usas entre teus joelhos ao dormir.
Estou para você, como você sempre esteve para o mundo.
Obrigada por me deixar chegar.
Eu não volto para a cidade.
Amazônia,
Janeiro de 2017
Esta é uma publicação digital que apresenta os processos vividos nas imersões da Intervalo-Escola : intervalo em curso, nos estados de São Paulo e do Amazonas, entre novembro de 2016 e fevereiro de 2017, como parte do Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuas 12ª edição.
Em SP, você poderá ouvir o áudio e ler o roteiro desenvolvido pelo grupo de participantes desta edição, fruto da proposição "Conversas-Coletivas" de Ricardo Basbaum. Cada colaborador anexou ainda diferentes tipos de referência a cada trecho desse texto-colagem-coletiva, fermentadas entre as rodas de conversa na Casa Tomada e no Parque da Aclimação, no processamento dos alimentos recolhidos em um dia de xepa e na mesa de comida.
Em AM, pensamos na construção dessa publicação como a própria floresta. A partir de um solo comum, manifestado por um texto central composto por múltiplas vozes, saem as diversas ramificações de cada um de nós – um texto-floresta – fruto da vivência do grupo entre a Casa do Rio Tupana e o Igapó-Açu.
Acreditamos que os textos, imagens e processos compartilhados aqui, sejam a melhor maneira de traduzirmos publicamente a intensidade e multiplicidade de trocas vividas nesse intervalo – boa imersão.
Edição e Organização: Cláudio Bueno e Tainá Azeredo
Design e Programação: Anderson Orui
Intervalo-Escola é uma plataforma que mapeia e experimenta modos de aprendizagem em/contra/sobre/a partir do campo da arte. Os acontecimentos da Intervalo enfatizam modelos de aprendizagem colaborativos, cooperativos, não hierarquizados, imersivos, sensíveis e informais. Colocando-nos sempre frente a possíveis diálogos e antagonismos em relação às práticas e conceitos formais de ensino. Essa é uma escola sem lugar fixo e que atua como zona temporária imersiva, na qual cada acontecimento é composto por grupos, lugares, saberes e contextos específicos. A Intervalo-Escola foi criada e tem como colaboradores centrais os pesquisadores-etc. Cláudio Bueno e Tainá Azeredo.
Intervalo em curso é um projeto contemplado pelo Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 12ª edição, voltado para artistas, pesquisadores e agentes do campo das artes. A primeira etapa do programa aconteceu em São Paulo, em colaboração com a Casa Tomada, entre 28 de novembro e 18 de dezembro de 2016. E o segundo momento aconteceu no Amazonas, junto à Casa do Rio e o Centro de Saberes da Floresta, apoiados pela RDS Igapó-Açu, entre 23 de janeiro e 11 de fevereiro. Para cada edição do programa um artista é convidado a pensar junto ao grupo as atividades e estratégias de compartilhamentos de saberes. Em São Paulo, a imersão foi desenvolvida junto ao artista-etc. Ricardo Basbaum, e no Amazonas, juntamente com o artista e pesquisador Jorge Menna Barreto.
Apoio:
Este projeto foi contemplado pelo Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuas 12ª edição
Conversa-coletiva Intervalo-escola: Intervalo em curso SP Tainá, Haroldo, Ricardo, Fábio, Paz, Júlia, Bruno, Bárbara, Suelen, Claudio, Naldo, Kadija, Noara todas as vozes, em conjunto lengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalengalenga onze vozes (Tainá, Haroldo, Ricardo, Fábio, Paz, Júlia, Bruno, Bárbara, Suelen, Claudio, Naldo) [interrompendo] Eram 11 seis vozes (Tainá, Haroldo, Ricardo, Suelen, Claudio, Naldo) [em seguida] Eram 6 [com agilidade, em sequência] Paz Eram céticos Fábio Eram céticos Bárbara Pelos meus cálculos Bruno Pelos meus cálculos Júlia somos Haroldo somos Tainá um pra um Ricardo um pra um Suelen [lentamente] Moléculátomocorpogruplanetauniversoplanetagrupocorpátomolécula Bárbara [repete ao mesmo tempo as palavras] corpo corpá Cláudio Todos acham algo Naldo "A experiência é algo que (nos) acontece e que às vezes treme, ou vibra, algo que nos faz pensar, algo que nos faz sofrer ou gozar, algo que luta pela expressão, e que às vezes, algumas vezes, quando cai em mãos de alguém capaz de dar forma a esse tremor, então, somente então, se converte emcanto." Paz [em superposição à leitura anterior] LARROSA, página 10 quatro vozes Suelen, Haroldo, Ricardo, Tainá [de modo circular repetindo em ciclos, sem parar] "Olele ô" Cláudio, Bárbara, Fábio [de modo rítmico e marcado, em superposição aos ciclos] bunda, caçula, samba, cachaça, cacimba, bagunça, dendê, fuxico, berimbau, cuíca, cangaço, maconha, mambembe, curinga, forró, candango, chibata, catimba, quitanda, quiabo, moleque, sacana, cabaço, dengo, quitute, senzala, quilombo, corcunda, cafundó, fubá, macaco, batucada, titica, zabumba, xoxota... Júlia [em superposição um única vez] Sobre a herança, ainda resta dúvida? A propos de l'heritage, reste-il encore de doute? Bruno [interrompendo os ciclos] a Naldo palavra periférica Bruno a Naldo palavra apropriada Bruno a Naldo palavra expropriada Bruno a Naldo palavra repatriada Suelen - Escuta: Dar fala ao corpo Bárbara - Fala: Dar corpo à fala Suelen - Escuta: Dar fala ao corpo Bárbara - Fala: Dar corpo à fala Suelen - Escuta: Dar fala ao corpo Bárbara - Fala: Dar corpo à fala Ricardo [em superposição ao texto anterior] Ôi! Ei! Psiu! O ar é o espaço onde a fala se forma. Júlia ¿nostalgia minimalista do corpóreo? [pausa, silêncio – ouve-se a sonoridade ambiente] Paz ¿existe reciprocidade auditiva? [duas vozes ao mesmo tempo, inglês e português] Ricardo "Who, me?" "Yes, we were already expecting you" Cláudio "Quem? Eu?" "Sim, nós já estávamos lhe esperando." Kadija Comer a si mesmo [três leituras simultâneas] Haroldo Corpo a corpo, ombro a ombro, lado a lado, tete-a-tete, de mãos dadas, junto a, ao pé, ao sopé, ao par de, à mão, ao alcance, a beira de, arredor Fábio Sentar a volta da mesa, sentar a volta do tapete. Sentar a volta da mesa, sentar a volta do tapete. Tainá Um corpo não pode, de fato, tocar outro corpo. Ao se aproximarem, as moléculas pertencentes a cada um dos corpos tendem a se afastar, mantendo um intervalo permanente entre eles. [pausa, silêncio – ouve-se a sonoridade ambiente] Paz ¿existe reciprocidade afetiva? [duas vozes ao mesmo tempo, espanhol e português] Tainá soliloquio es un discurso que mantiene una persona consigo misma, como si pensase en voz alta Júlia solilóquio é um discurso que mantém uma pessoa consigo mesma, como se pensasse em voz alta. Bárbara Dizer que um organismo precisa de comida é dizer que ele é comida Kadija Comer a si mesmo Bruno Habitar o corpo Fábio Relacionar-se Aproximar-se Apodrecer-se Efervescer-se Paz Fermentation Ferme intention Kadija processo de liberação de energia. Transformação enzimaticamente controlada, efervescência gasosa, emoção forte e repentina, agitação e comoção. Fermentar é engajar com o mundo, ou melhor, os mundos, um dentro do outro, o mundo invisível dos fungos e bactérias, a comunidade em que vivemos. Ricardo [em superposição com o texto acima] Você e eu e nós Haroldo "C'est cette espece de fermentation de l'esprit humain, cette digestion de nos connoissances, que le critique doit observer avec soin (...)." Bruno Tomates moles, pêssegos contundidos, folhas amareladas, miolo amanhecido Cláudio há de se deixar agir / desaqüendar Júlia [sussurrando] Laisser faire Laisser passer Naldo fermentação - fragmentação - dispersão Fábio continuar a interrogar depois de todas as interrogações anteriores Paz ¿existe reciprocidade digestiva? Todas as vozes em tempos diferentes xepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepaxepa Bruno O que o poder impõe, antes de tudo, é o ritmo. A demanda por um ritmo próprio se faz sempre contra o poder. Tainá a autora coletiva! Kadija Comer a si mesmo Ricardo Somente o sujeito pode atrasar o ritmo, isto é, realizá-lo Fábio, Júlia, Haroldo IDIOS Suelen ritmo flexível, disponível, móvel: forma passageira, extravagante Cláudio [Júlia, prefixos] extra-vagante trans-vagante vozes em coro – alternadamente todos Com tudo que cada um tem todos Com tudo que cada um carrega [deixar o coro ao falar a palavra] Haroldo negação Ricardo situação Suelen entremeio Bárbara público Cláudio campo Paz imagina! imagina! Júlia suspensão Naldo escola Tainá estrada Bruno vértice Fábio cochilo leitura simultânea das duas citações Kadija "Disposition is immanent, not in the moving parts, but in the relationships between the components." Paz "Una verdad espera, para eclosionar, la reunión de sus elementos. El crítico debería observar con cuidado esta fermentación del espíritu humano, esta digestión de nuestros conocimientos." Fábio Anarcotropicalismo Psico-Yorubá Bárbara O Sonhar também participa da história Suelen [repetindo] ORA Fenda, ORA Falha, ORA Sofre, ORA Goza, ORA Canta, ORA Reza Bruno Quem não sabe rezar que continue rezando dentro de sua competência simbólica, a competência linguística não tem nenhuma importância Cláudio, Tainá, Paz, Haroldo, Júlia, Bárbara, Naldo [leitura coletiva aleatória como mantra] ora átomo, ora grupo, ora bactéria, ora água, ora terra, ora rio, ora comida, ora merenda, ora vento, ora margem, ora estranho, ora sonho, ora onda, ora vazio, ora significado, ora memória, ora espaço nômade, ora processo, ora desierarquia, ora coabitação, ora fora de uso, ora com tudo, ora cada um, ora rede, ora tête à tête, ora tijolo, ora tomate, ora tigre, ora poema, ora tangência, ora ecologia, ora who, ora me, ora embaraçado, ora minimalista, ora insurreição, ora tô boa, ora treme, ora vibra, ora universo, ora verso, ora ao alcance, ora ao redor Bárbara sem quaisquer conteúdos ou ideais algo ressoa através das brechas do significado Anauerapucu Ricardo [ao mesmo tempo] Anauerapucu Júlia Para pensar a ideia de conversa por meio do contato, do encontro, de uma relação contígua entre as partes. Júlia e Haroldo Anauerapucu Fábio Conhecimentos trazidos pelo vento Conhecimento de terra com conhecimento de mata Saberes que descem pelo rio Água barrenta, espessa, pesada Bruno professor com aluno aluno com professor professor com professor e aluno merendeira com aluno aluno com merendeira Todos repetem com continuam ritmadamente sem interrupção até final de Haroldo com com com com com com com com Kadija Comer a si mesmo Tainá Fragmentos de experiências que se costuram na troca cotidiana Haroldo tocar, roçar, roçagar, tocar de raspão, encontrar com, morar ao pé da porta, morar porta com porta, porta com parede, parede e meia com Ricardo estar contíguo, ser vizinho, vizinhar, avizinhar-se, confrontar-se, limitar-se com; Suelen Uma parede para os anseios, uma parede para os desejos, uma parede para os encontros, uma parede para rabiscos e palavras Cláudio [todos prolongando as vogais] Aderência, Aposição, prEposição, sObreposição pErpassar, Apor, prEpor, jUstapor, sUperpor Bárbara a mesma parede que já não divide a parede empática Bruno fricção, ficção Haroldo faculdade que nos permite imaginar a nós mesmos sob o ponto de vista de outra pessoa. Imaginar novas e diferentes formas de vida Bruno fricção, ficção Naldo Porque há o desejo de resposta? Fábio essa intensidade [jogo] essa fascinação [jogo] essa capacidade de excitar [jogo] Tainá jogo Paz "Tres tristes tigres triscaban trigo en un trigal ¿cuál de los tres tristes tigres tragaba más?" Ricardo relacionar-se com Suelen aproximando-se de Bruno o lugar da imaginação não é diferente do lugar do corpo o lugar da imaginação não é diferente do lugar do corpo Cláudio vou falar na língua do santo Haroldo enrolar a língua ao mesmo tempo: Júlia Trois tristes tigres Tainá Drei traurige Tiger Bárbara Três tristes tigres Casa Tomada, dezembro 2016
Nascida em Goiânia, mas com um pé na estrada, já foi professora, artista e mediadora de exposições. Hoje divide seu tempo entre o jardim, o ateliê e a cozinha. Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2013) e graduada em História e em Artes Visuais pela Universidade Federal de Goiás (2006 e 2010). Sempre disponível para jogar conversa fora em encontros e piqueniques sobre pátios, playgrounds, hortas comunitárias, agrofloresta, museus, espaços públicos, ocupações e arte-educação.
1975, São Paulo, Brasil. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Mestre em Artes Visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Bacharel em Artes com qualificação em multimídia e intermídia na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo.
Dentre as exposições individuais destaco: Escola da Floresta [Leitura do Relatório Figueiredo + Encontros Gráficos + Conversa Aberta] na Oficina Cultural Oswald de Andrade [2016]; Domingo, na Periscópio Arte Contemporânea, Parágrafo único no Pivô e Propriedade de uso comum no Ateliê 397 [2015]; Vista para o mar no Centro Cultural São Paulo [2006], Paisagem #4 no Paço das Artes [2005]. Também, participei de diversas exposições coletivas no Brasil, destacando Agora somos mais de mil no Parque Lage e Terra Falsa [2016] e Como diz o outro [2015] no Coletor, Hipótese e Horizonte no Observatório [2015], Partir do Erra na Galeria Pilar, Taipa-tapume na Galeria Leme e Deslize - Surf Skate no Museu de Arte do Rio [2014], Não mais impossível na CCBNB de Fortaleza, Técnicas de desaparecimento em Guantánamo e Abre-alas na A Gentil Carioca [2012], Porque sim. na Galeria Millan e Exposição de Verão na Galeria Silvia Cintra + Box4 [2011], 15o Salão da Bahia no MAM Bahia [2008], Panorama da Arte Brasileira no MAM São Paulo [2005], Ocupação no Paço das Artes [2005], Artista Personagem no Mariantônia [2004] e Vizinhos na Galeria Vermelho [2003]. Coordeno a Residência Artística Barda del Desierto, em Contralmirante Cordero, Rio Negro, Patagônia, Argentina. Sou curador educativo da Frestas | Trienal de Sorocaba, edição 2017.
1985, natural de Fortaleza, Ceará, é pesquisador e artista visual. Sua pesquisa se concentra nas formas de percepção e de narrar o mundo. Entende a literatura, viagens e percursos como processo e matéria-prima para a criação de suas ficções, suas coletas sensíveis e seus procedimentos de arquivar imagens do mundo. Atualmente, trabalha no projeto Quando falo trem, um trem atravessa minha boca financiado pela fundação Joaquim Nabuco. Vive e trabalha entre Fortaleza e São Paulo. http://haroldosaboia.org
Nascida na baía de Guanabara, criada nas margens do Paraíbuna, atravessou o oceano atlântico até a Seine, desaguou no Rhône e praticou três anos de Stand Up Paddle no lago Paranoá. Atualmente margina o Tietê à procura de córregos. Graduada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora [BR] e em Artes Plásticas pela Université Paris 8 [FR]. Mestre em Fotografia Contemporânea pela École Nationale Supérieure de la Photographie [FR] e em Artes Visuais - Poéticas Contemporâneas pela Universidade de Brasília [BR]. Expôs coletivamente 36 vezes em 4 países diferentes [Brasil, França, China, Canadá]. Individualmente, quatro vezes. Participou de treze publicações e quatro residências artísticas. Ganhou três prêmios [Arca-Suiss + Transborda + 15º Salão de Arte Contemporânea de Guarulhos] e foi indicada para um outro [Pipa].
É artista e digestora. Mestre em Gestão Cultural e Relações Internacionais pela Schulich School of Business da York University, 2011, e bacharel em Artes Visuais pelo Ontario College of Arts and Design, 2005. Apresentou trabalhos no MuseumsQuartier, Viena, 2017; 32ª Bienal de São Paulo, 2016; MATADERO, Madrid, 2015; Villa Romana, Florença 2014; entre outros. Foi gestora e facilitadora da residencias_en_red [iberoamérica], 2011-2012; consultora de Artes Visuais da Unesco, masseira da pizzaria Ferro & Farinha, 2015; e chef residente do CAPACETE, Rio de Janeiro, 2016. Publicou “Como Você Feeling?”, Brooklyn Public Art Library, NYC, 2012; e “The anarchist doctrine accessible to all” WORD + MOIST PRESS, Livorno, 2014.
É artista visual, nasceu em Florianópolis, SC,1986, e atualmente mora em São Paulo, SP. É Mestra em Artes Visuais pela Universidade Estadual Paulista, SP, 2014, com a pesquisa 'Notas sobre o Espaço', e Bacharela em Artes Plásticas pela Universidade do Estado de Santa Catarina, 2010. No mesmo ano estudou Bellas Artes na Universidad del Pais Vasco, Bilbao, Espanha. Em sua pesquisa aborda situações de (des)construção de paisagens, tocando em particular sobre questões de temporalidade, de fronteiras e de delimitações espaciais, no que se refere tanto ao urbano quanto às 'geografias em branco'. De suas derivas conceituais desdobram-se objetos, intervenções, vídeos e fotografias.
www.noaraquintana.com
Es comisaria independiente y vive en Berlín. Formada en Historia del Arte (Universidad Complutense de Madrid, Freie Universität Berlin) y con un interés crítico en las prácticas de archivo (berlinerpool) y la curaduría como disciplina relacional y colaborativa (AFFECT), su práctica investiga mecanismos que generan conciencia sobre nociones de identidad colectiva, interesándose por los símbolos, arquetipos colectivos y necesidades temporales que nos dibujan como sociedad. Partiendo de la idea arendtiana del "interés común" (weltliche Bezug), sus proyectos curatoriales ensayan arquitecturas colectivas del encuentro en forma de programas de residencia, comunidades de aprendizaje y entornos participativos mediados por proyectos de investigación-archivo que culminan en exposiciones y talleres artístico educativos para niños y jóvenes. En los últimos dos años se interesa activamente por la pedagogía crítica y educación artística y estética como territorios desde los que re-colonizar la imaginación y desde ella potenciar nuestra capacidad para comprender la realidad y participar de su diversidad. Estas preocupaciones se procesan en #Filopoética, una serie de talleres artísticos y educativos para comunidades y escuelas en los que se estimula un sentido poético de la cotidianidad. La metodología de los talleres se basa en la integración de elementos de la historia pública, la filosofía, la psicología y la literatura en forma de paseos urbanos acompañados por diferentes artistas, formando una escuela temporal caminada que cultiva la estética y el lenguaje interdisciplinar como herramienta y actitud afectiva, lúdica y sinestésica frente a la vida y el aprendizaje.
www.pazponce.com
pazppb@gmail.com
Vive e trabalha no Rio de Janeiro. É artista, professor, pesquisador e crítico de arte. Iniciou seu trabalho na década de 1980, explorando diversas formas de linguagem: performances, ações, intervenções, textos, manifestos, objetos e instalações. Em 1989, deu início ao projeto NBP (Novas Bases para a Personalidade). Atua a partir da investigação da arte como dispositivo de relação e articulação entre experiência sensória, sociabilidade e linguagem — suas ações se dão no limite de uma abordagem comunicativa para impulsionar a circulação de ações e de formas.
Suelen Calonga nasceu em 1984 em Contagem, cidade industrial da região metropolitana de Belo Horizonte. Atualmente mora e trabalha em São Paulo. É graduada em Comunicação Social pela PUC Minas (2007) e pós-graduada em Imagens e Culturas Midiáticas pela UFMG (2010), com interesse no estudo da filosofia da fotografia e na natureza da imagem pós-fotográfica/digital. Sua pesquisa artística se situa nas fronteiras entre a performance e o audiovisual em suportes digitais e atravessa campos multidisciplinares: as ciências naturais em contraponto com os saberes místicos, a ancestralidade afro-tupiniquim em contraponto com as ferramentas digitais de vigilância-controle e as micro políticas do sujeito em contraponto com a imensidão do cosmos.
Elaboração do programa: Cláudio Bueno e Tainá Azeredo
Produção: Flora Leite
Coordenação de cozinha: Raquel Blaque
Artista convidado: Ricardo Basbaum
Gravação: Habacuque Lima em Trampolim Estúdio
Apoio institucional: Casa Tomada
Agradecemos:
Família Bueno, Família Azeredo, Polêmica VP, Thiago Cavalli, Pablo Calligaris, Juliana Gontijo, Isadora Brant, Patrícia Araújo, a todos os inscritos e participantes dessa edição.